Tocar um corpo
e o ar
e a língua de neve.
Tocar a erva
mortal e verde
de cinco noites
e o mar.
Um corpo nu.
E as praias fustigadas
pelo sol e o olhar.
As palavras, vício
torpe, antigo.
As últimas? As primeiras?
Como os ouriços
abrem-se ao rumor do mundo:
o sol ainda verde dos limões,
os esquilos
doutras tardes, o latido
da chuva nas janelas,
os velhos em redor do lume
- nunca foram tão belas
Autor: Eugénio de Andrade ( 1923 )
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