A virtude é como uma delicada flor
oculta na sombra de um penhasco íngreme…
O mero esforço para deslumbrar sua beleza
pode fazê-la cair no precipício da vaidade…
A virtude também é como as árvores de madeira nobre
seu crescimento é lento e imperceptível
mas ao fim, quando madura,
revela a solidez de uma rocha
pois tudo que tenta resplandecer na aurora
esmaece ao fim do dia…
Por isso, tapa os ouvidos para os elogios
ou ao menos não os leve com tanta seriedade
pois se acreditares nessas palavras
construirás um castelo de nuvens
que se desvanece com um sopro forte do destino…
Melhor pensar que é mais adequado
cultivar um estado de espírito
que não dependa de circunstância alguma para sustentar-se…
e que seja tão flexível que tu possas dispor dele
pois a virtude é aquilo que escolhes aplicar ou não, conforme o momento
do contrário seria apenas um traço de tua personalidade.
Na natureza, nada está completo
tudo tem seu complementar
E aquilo que tiveres em excesso
demonstra escassez em sua outra polaridade…
Por isso, a virtude é vazia de características
Nem forte, nem maleável
nem sóbria, nem sorridente
mas um misto de todas as coisas
fluindo pelas correntezas da vida
preenchendo cada espaço
e logo seguindo em frente…
Autoria: Roger Alves
Bela poesia! Gratidão por compartilhar!
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